Elisa Ventur – Unsplash

Muitos autores iniciantes comentam comigo que têm dificuldade para escrever, principalmente com o desenvolvimentos das cenas do livro. Na hora de descrever, não conseguem colocar no papel aquilo que estão imaginando ou não estão imaginando com clareza suficiente. Isto gera um pouco de frustração, pois até mesmo quando você tem uma boa ideia do que escrever, trava na hora de relatar os detalhes no texto.

Quando eu comecei a escrever ficção, eu cometi alguns erros neste sentido nos meus primeiros livros. Passei mais por isto no segundo livro que escrevi, pois era uma fantasia em um universo paralelo e eu tive dificuldade de descrever exatamente como era esse universo. E ainda houve outra questão. A protagonista da história entrava em um portal de uma caverna que existe no Japão e então ia para o outro mundo.

Quando passei a escrever com a supervisão de uma editora, ela me alertou que a cena que eu fiz na caverna não estava muito clara. Na verdade, essa caverna ficava no interior de uma cidade que eu morei alguns anos na província de Shizuoka, região central do Japão. Eu já tinha ido algumas vezes lá, fiz fotos e vídeos do local, mas na hora de escrever a cena, eu cometi o erro de contar apenas com a minha memória.

Depois que ela disse isso, eu fui olhar minhas fotos, vídeos e imagens do Google Maps e descobri como a minha memória falhou. Depois de prestar atenção em alguns detalhes reais, pude refazer essa cena de uma forma bem mais realista e fácil de imaginar, porque eu adquiri um nível mais elevado de clareza daquilo que eu queria mostrar ao leitor.

Não vem ao caso neste texto, mas acabei deixando o projeto deste livro de lado para focar em outros projetos. Ainda vou retomar e publicar essa história de fantasia no Japão, pois tenho um carinho enorme por ela e quando chegar a hora, vou me dedicar de coração para este livro. Mas sei que agora não é momento ideal.

Mas voltando ao assunto! Contei essa história para te mostrar que podemos escrever melhor quando temos clareza. Quando você descreve algo, a sua mente se respalda no conteúdo da sua memória, que pode estar um pouco borrada com a minha estava. E é pior se for um local novo ou um lugar que você nunca esteve antes. Você simplesmente não tem material suficiente na sua memória para descrever com realismo, então precisa buscar referências antes.

Observação reduz a dificuldade para escrever

Foto: CHUTTERSNAP – Unsplash

Anote esta dica, pois vai te ajudar bastante! Se você está inseguro para descrever alguma cena, pois não sabe como seriam as sensações reais e reações, tente simular se possível e observar os detalhes que normalmente passam batidos. São esses detalhes que vão enriquecer a imaginação do leitor e produzir sensações que ajudam a se colocar na pele da personagem.

Por exemplo, vamos supor que o seu protagonista está escalando uma montanha e você nunca escalou nada na vida ou se escalou, não prestou atenção dos detalhes. Você não sabe como é essa experiência, mas tem condições de reproduzir. Tente subir um morro, ainda que não seja muito alto. Observe as dores que você sente nos músculos das pernas, o suor escorrendo pela sua nuca, a sede, o cansaço ainda na metade da subida. Essas sensações que você precisa reproduzir no seu texto.

Outra forma de chegar lá é você buscar referências na internet. Encontre algum vídeo de pessoas fazendo aquilo que você quer mostrar no texto e repare em todos os detalhes que conseguir, em suas expressões faciais, no que comentaram com relação à experiência. Tudo isso vai te ajudar a reproduzir no texto com mais fidelidade.

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O hábito de pesquisar antes de cada capítulo

Foto: Dan Dimmock – Unsplash

A pesquisa é a sua melhor amiga, lembre-se sempre disso. Você vai precisar pesquisar na fase do planejamento, para que possa embasar a sua história em elementos reais, garantindo assim mais veracidade. Mas não é só isso. Na hora de construir cada capítulo, é bem provável que você precise pesquisar antes de escrever, enquanto escreve ou depois de escrever, para confirmar se o que você colocou no texto realmente faz sentido.

É ruim interromper o fluxo da escrita para pesquisar, então não tem problema você escrever o que acha que é e depois pesquisar para ter certeza e corrigir se necessário. Por exemplo, você quer descrever um local que nunca esteve ou esteve, mas não se lembra de detalhes, sempre olhe no Google Maps ou outra ferramenta. Se você quer descrever uma cena de ação e não sabe se aquilo é viável na vida real, pesquise para ter certeza.

Se você jogar velas em uma pessoa, será que a pessoa pegaria fogo ou as velas apagariam? Eu acho que as velas apagariam. Mas se tem uma cena dessas no seu texto, é bom pesquisar. Se descobrir que as velas apagariam, que tal colocar umas garrafas de álcool na sua cena para tornar mais verossímil?

Enfim, cada cena construída, principalmente de ação, exige que o autor faça determinados questionamentos e pesquise para encontrar as respostas. Se você fizer isso, tenho bastante certeza de que será capaz de transmitir no seu texto com uma qualidade muito superior. Pode confiar!

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